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almeida
Almeida Garrett (Porto, 1799 – Lisboa, 1854) pode justamente considerar-se um expoente da modernidade literária portuguesa. Sobre o seu papel pioneiro bastaria lembrar que foi o fundador do Romantismo (com o poema Camões) e mais tarde do teatro moderno em Portugal (com Frei Luís de Sousa), ou ainda da narrativa de atualidade (com Viagens na Minha Terra). Estas são decerto as suas três obras maiores, mas muitas outras manifestam o talento eclético do autor enquanto poeta, dramaturgo e romancista. Mencione-se, por exemplo, as coletâneas de poesia Lírica de João Mínimo e Folhas Caídas, os poemas narrativos Dona Branca e Adozinda, o romance histórico O Arco de Sant’Ana, os dramas Um Auto de Gil Vicente, Filipa de Vilhena e O Alfageme de Santarém. 

Em termos estéticos, Garrett soube sempre conciliar o princípio estruturante do nacionalismo romântico com uma vocação cultural cosmopolita, o que contribuiu para a originalidade da sua escrita: renovou os conceitos de género e estilo tradicionais, criando formas versáteis de expressão; legitimou a prosa como instrumento ‘nobre’ de comunicação e, ao mesmo tempo, abriu novos horizontes à própria língua literária, ora misturando registos eruditos e populares, ora adotando estrangeirismos e neologismos. É igualmente de destacar a leveza coloquial que imprime ao discurso quando se dirige ao leitor, cativando-o e surpreendendo-o com um apurado sentido de humor.

Entrelaçada com a história política do Vintismo, a obra literária garrettiana assume o pendor iluminista e eticamente empenhado de quem acredita que «o poeta é também cidadão», e não pode por isso mesmo dissociar-se do contexto dinâmico em que germinou: a revolução de 1820, os exílios, e as posteriores conquistas e vicissitudes do regime liberal. Daí decorre o caráter multifacetado da sua produção, que abrange o ensaísmo cultural e político (Portugal na Balança da Europa), a pedagogia (Da Educação), a oratória parlamentar ou o jornalismo. Ainda nos anos 20 lançara um pequeno jornal mundano – O Toucador (destinado às senhoras), a que se seguiram dois periódicos de referência, O Português e O Cronista. Na década seguinte fundaria O Português Constitucional e o jornal teatral O Entreato.

Esta diversidade de interesses é o resultado de uma vida pública intensa, em que se autodefine como «... um verdadeiro homem do mundo, que tem vivido nas cortes com os príncipes, no campo com os homens de guerra, no gabinete com os diplomáticos e homens de Estado, no parlamento, nos tribunais, nas academias, com todas as notabilidades de muitos países – e nos salões enfim com as mulheres e com os frívolos do mundo, com as elegâncias e com as fatuidades do século» (palavras suas, na apresentação de Viagens na Minha Terra).

As obras mais conhecidas de Almeida Garrett encontram-se atualmente disponíveis em múltiplas coleções, mas nem sempre editadas com o devido rigor. Por iniciativa de Ofélia Paiva Monteiro, foi lançado nos anos 2000 um projeto editorial que visa reunir a produção integral do autor: a Edição Crítica das Obras de Almeida Garrett [ https://www.uc.pt/fluc/clp/inv/proj/patlit/ecag ]. Esta coleção, numa parceria entre o Centro de Literatura Portuguesa e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, conta já 10 volumes publicados, incluindo textos dispersos, fragmentários e inéditos, cujos manuscritos se guardam, maioritariamente, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

Artigo redigido por: Maria Helena Santana