Livraria lello abre postigo para a cidade
Vivemos tempos de uma enorme angústia coletiva. Felizmente vivemo-los juntos e plenamente focados na superação, com segurança e solidariedade, da anormalidade deste necessário vazio rumo à normalidade cheia que nos faz felizes.
Ainda antes de ser recomendado pelo Município ou pelo Governo, já a Livraria Lello havia abdicado de algo que nunca havia abdicado até aí: ter as portas abertas aos leitores que, há 114 anos, nos procuram ininterruptamente, e que assim se mantiveram, abertas, durante três revoluções nacionais (Instauração da República, Revolução Sidonista e Instalação do Estado Novo e Revolução Democrática de Abril), duas Guerras Mundiais, uma Guerra Colonial e um demorado Processo Revolucionário agitadamente em curso.
Da mesma forma, e ainda antes que o Porto. transforme as presentes reticências em renovada e reiterada (re)afirmação, queremos ser a primeira livraria a abrir, senão as portas, um fisicamente pequeno mas simbolicamente gigante postigo para a cidade.
Depois da sempre literária França ter considerado, na regulamentação especial que implementou para regerem este presente pandémico, os livros como bens de primeira necessidade, a Senhora Ministra da Cultura, Doutora Graça Fonseca, veio clarificar que também em Portugal os livros não eram de menor necessidade do que essa primeiríssima e que, com os cuidados sanitários exigidos aos demais comércios e serviços excepcionalmente abertos, também os livros podiam continuar a ser lidos, partilhados, vividos, sem precisarem de se encerrar numa invisibilidade imaterial do pdf ou numa esterilização do saco plástico para continuarem a ser o que sempre foram sempre serão: livros.