Margareth Menezes contagia Livraria Lello com concerto falado
                                                      
                    Num concerto da baiana Margareth Menezes, na Livraria Lello, no Porto, moderado pelo músico Pedro Abrunhosa, esteve em debate o peso da Cultura num país. Na rubrica “Em Nome Próprio”, a também ministra da Cultura brasileira refletiu sobre a liberdade de expressão como requisito para criação artística, e sublinhou a importância de a Cultura ter um ministério exclusivo.
Margareth Menezes nunca tinha dado um concerto numa livraria. Foi uma estreia e logo num “lugar incrível”, como apelidou a Livraria Lello, que se encheu para a ver, na terça-feira, dia 21 de outubro. A artista não conseguiu esconder o entusiasmo: “Nunca fiz esse modelo de show em livraria que estou fazendo aqui agora, então para mim também é novidade.”
Entre músicas e memórias, Margareth Menezes — que foi convidada por Lula da Silva para o cargo de ministra da Cultura, em 2023 — conversou com o músico portuense Pedro Abrunhosa, num novo momento de afirmação da Livraria Lello enquanto palco de diálogo entre Portugal e Brasil, países irmãos na Cultura e que partilham a Língua Portuguesa.
Neste encontro de Lusofonia, a ministra da Cultura brasileira sublinhou a importância de o Brasil ter passado a ter um ministério exclusivamente dedicado à Cultura — e não apenas uma secretaria de Estado: “Atravessámos um período muito difícil, não só pela pandemia, mas também pelo governo anterior, em que o Ministério [da Cultura] não existia. Era uma secretaria", explicou Margareth, que acrescenta que, devido à falta de um ministério dedicado às Artes, durante a pandemia, o Brasil não dedicou políticas de apoio ao setor cultural.
Revelando estar dentro do assunto, Pedro Abrunhosa acrescentou que o primeiro governo do Presidente Lula da Silva tinha Ministério da Cultura, mas que o antigo chefe de Estado, Jair Bolsonaro, reverteu a decisão, transformando-o em secretaria de Estado. O artista partilhou ainda que, na sua visão, a Cultura não serve para ornamentar ou “para pôr em cima de um bolo”.
                                                      
                    Numa noite em que a presidente do conselho de administração da Livraria Lello, Aurora Pedro Pinto, convidou o agora antigo presidente da câmara municipal do Porto Rui Moreira — que, nas palavras de Pedro Abrunhosa, "valorizou muito a Cultura" — a assinar o Livro de Ouro, a ministra Margareth Menezes reforçou que "o artista só tem possibilidade de se expressar livremente, se houver democracia. Não pode ser uma coisa vigiada, porque a imaginação, a ideia, o conceito, são coisas que vêm de dentro para fora".
No final do evento, o agora ex-autarca Rui Moreira foi convidado a deixar uma mensagem no Livro de Ouro da Livraria Lello, como forma de agradecimento pelos 12 anos de trabalho, em prol da Cultura, à frente da Câmara Municipal do Porto.
Também a música e ministra brasileira da Cultura, Margareth Menezes, deixou simpáticas palavras no mesmo livro de registos, dedicado a entidades de grande relevância que passam nesta livraria centenária.
Rui Moreira escolheu agradecer à Livraria Lello na linguagem da mesma, de forma literária, através de um poema:
«Esta é a cidade onde começa o sonho,
Onde a maravilha vive connosco.
Este é o Porto das gentes que cantam e choram,
Que reclamam e gritam,
E que tem como sobrenome LIBERDADE»