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A Fundação Livraria Lello abre portas com uma exposição sobre desinformação. Mais informações no menu.
ENTRADA NA LIVRARIA LELLO

Vozes da Casa: Filipe Costa

Vozes da Casa: Filipe Costa

Na Livraria Lello, são poucos os que se podem orgulhar de carregar 25 anos de histórias e de dedicação. Filipe Costa é o único que ostenta esse marco e, por isso, não podíamos começar este espaço de partilha de vozes de outra forma.

LL: Tens alguma memória de infância que aches que te trouxe até aqui?  

FC: Sim. Em criança e na adolescência, sempre gostei de ler. Quando entrei para a Livraria Lello e reencontrei alguns dos livros que marcaram essa fase — como Os MaiasAmor de Perdição ou Tom Sawyer — senti uma ligação imediata. Foi ainda mais especial quando começámos a editar essas obras, porque foi uma forma de reviver as histórias que me acompanharam no passado.  

LL: Como vieste parar à Livraria Lello?  

FC: Na altura não havia anúncios na internet, por isso vi o anúncio num jornal. Não conhecia a Livraria Lello, mas enviei uma carta a candidatar-me e chamaram-me para uma entrevista. Quando entrei na Livraria pela primeira vez fiquei fascinado... foi como entrar noutro mundo, como acontece com qualquer pessoa que entra pela primeira vez. As entrevistas correram bem e iniciei o trabalho no dia 5 de abril de 1999.  

LL: Qual foi, para ti, o melhor momento dentro da LL?   

FC: Como devem imaginar, foram vários, até porque já passei aqui metade da minha vida. A Livraria é a minha segunda casa e aqui vivi muitas situações caricatas que nunca pensei experienciar. Uma delas foi um grupo de visitantes chineses, acompanhado por uma guia, que se ajoelhou e beijou o primeiro degrau da escadaria antes de subir. Fizeram-no como gesto de respeito, como se a Livraria fosse um templo da cultura – e de certa forma, é mesmo isso. Fiquei estupefacto quando vi esta situação. Foi como ver alguém a entrar numa igreja e benzer-se.  

LL: Qual dirias que é a característica mais importante num supervisor e responsável de caixa?  

FC: Diria que a característica mais importante é a responsabilidade, especialmente quando se lida com dinheiro e com o ritmo intenso de trabalho na caixa. Mas esse ritmo tem o seu lado gratificante: entre cada atendimento, há sempre espaço para uma palavra com os visitantes, para descobrir de onde vêm ou o que estão a achar da cidade. É esse contacto humano que torna este trabalho tão gratificante para mim.  

LL: Qual é para ti a maior diferença entre a LL agora e há 25 anos?   

FC: Não tem comparação possível. Ao longo destes 25 anos, a Livraria passou por várias fases de mudança, principalmente depois do boom turístico da cidade. Antigamente, havia dias em que recebíamos apenas 20 ou 30 clientes, que eram maioritariamente desta zona e que optavam por vir à Livraria Lello para comprar um presente ou para enriquecer a sua biblioteca.   

A partir de 2015, com a entrada da família Pedro Pinto, e com todas as mudanças implementadas, a Livraria deixou de ser apenas um ícone da cidade do Porto e tornou-se uma referência mundial. Atualmente, recebemos milhares de visitantes de dezenas de nacionalidades e a nossa missão é clara: transformar cada visitante em leitor.  

LL: Qual é o segredo para manter o encanto durante tantos anos?   

FC: O segredo está em fazer o que se gosta, num lugar de que se gosta. Como já referi anteriormente, a Livraria Lello é, para mim, uma segunda casa e, depois de tantos anos, já não me consigo desligar deste espaço. Mesmo nos dias em que não venho, penso na Livraria. E o dia a dia aqui é único: culturas diferentes, pessoas de todo o mundo, histórias que se cruzam a cada momento. E eu gosto disso. Gosto de socializar, de conversar, de estar rodeado de pessoas.   

LL: Se pudesses jantar com qualquer pessoa (viva ou não), quem seria?  

FC: Esta pergunta não é fácil. Mas vou relacionar a pergunta com a Livraria, os livros e os autores. Adorava conhecer Fernando Pessoa e sentar-me com ele para perceber os seus ideais.   

LL:  Qual foi o livro que mais te marcou?   

FC: Tenho vários, mas aquelas "leituras de menino" e as obras que se davam na escola foram as que mais me marcaram.  

LL: Se a tua vida fosse um livro, qual seria o título?  

FC: Aqui na Livraria, por eu ser o funcionário mais antigo – quero eu acreditar que não é por ser o mais velhote -, os colegas têm o hábito de me chamar "Chardron". Por isso, talvez o título fosse Filipe Chardron na Livraria Mais Bonita do Mundo ou Uma Aventura de Filipe Chardron na Livraria Lello.