Vozes da Casa: Patrícia Lemos
                                                      
                    Para esta edição, entrevistamos a mestre das boas-vindas. A problem-solver das aflições que ameaçam a Pirâmide de Maslow de cada um: Patrícia Lemos.
LL: Há alguma memória da tua infância que sintas que te ligou ao lado mais humano das coisas?
PL: Não sei, deixa-me pensar. Sou muito ligada à minha família. Se calhar, por causa disso, é que tenho assim um gosto por pessoas. Tenho um lado muito cuidadoso com toda a gente. Pode não parecer, mas tenho um lado bué cuidadoso e acho que cuido demasiado das pessoas. Às vezes até me esqueço um bocadinho de mim, mas tenho essa noção - de que olho muito para os outros e sempre fui assim desde pequenina.
LL: Como é que a Livraria Lello entrou na tua vida?
PL: Eu acabei o meu curso (Licenciatura em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos) em 2023, aqui na Lusófona do Porto, e na altura a minha diretora conhecia um antigo colaborar que pediu alguém para um estágio. Ela na altura recomendou-me e eu acabei por vir aqui parar e não saí.
LL: Mas foi a tua primeira experiência profissional?
PL: Na área de Recursos Humanos sim — tive várias outras, mas não nesta área.
LL: Qual foi, até agora, o momento mais especial que viveste na Livraria?
PL: Já foram tantas coisas, deixa ver... Não vou falar de galas nem nada, que isso é básico. Portanto, o melhor momento, sei lá...
LL: Não me digas que foi o inventário.
PL: Olha, as mudanças foram muito engraçadas. Até hoje estou traumatizada. Não gostei de sair dos antigos escritórios, mas acho que teve um simbolismo muito grande. Como foi a primeira experiência profissional na área, foi o meu primeiro escritório. Então acho que quando saímos de lá foi um momento muito giro, principalmente partir a parede. Adorei.
LL: Bem me parecia que estava a faltar essa parte.
PL: Adorei. É para vocês porem isto tudo direito. Mas têm que deixar as minhas palavras para ser genuíno.
LL: O que é que nunca pode faltar a alguém que trabalha em Recursos Humanos, especialmente num lugar como este?
PL: Acho que tem que ser uma pessoa... apetecia-me dizer desenrascada, mas... tem que ser uma pessoa polivalente, porque se não for uma pessoa polivalente, não consegue. Tem que ter consciência e perceber que tem que se adaptar tanto ao escritório como à loja, que às vezes é difícil. Eu acho que é principalmente por aí.
LL: Lidar com pessoas é tão desafiante quanto gratificante. O que é que mais te inspira no que fazes?
PL: Eu sei que toda a gente gosta, mas eu gosto de ver os resultados a acontecerem. Principalmente agora, tem sido muito difícil trabalhar, por exemplo, com recrutamento e acho que, de fora, as pessoas têm alguma noção, mas não percebem a dificuldade que é encontrar alguém para um cargo. Então, quando nós encontramos uma pessoa, quando essa pessoa fica algum tempo e realmente se adapta à empresa e está feliz, eu acho que essa é a parte mais gratificante.
LL: Se pudesses sentar-te à mesa com qualquer pessoa (viva ou não), quem seria?
PL: Aqui vai muito dos meus gostos pessoais, têm que aceitar. Se eu me sentasse com alguém, era com um cantor, o Feid. Adoro. Ele é horrível, não é? Mas as músicas dele são lindas, são fantásticas e acho que é por isso. Acho que gostava de jantar com ele, gosto da vibe dele.
LL: Ia-te perguntar qual foi o livro que mais te marcou e porquê, mas posso alterar para a música. Tens uma música que te marcou mais?
PL: Adoro esta música, El Barco, da Karol G. Porque ela fala da trajetória de vida e que a vida é como se ela estivesse num barco. Nesta música ela analisa a vida dela e explica que, às vezes, há situações mais difíceis e outras mais fáceis. E eu acho muito gira a música.
LL: Se a tua vida fosse um livro, qual seria o título?
PL: Eu acho que eu devia ter um livro que se chamasse As Crónicas da Patrícia.
LL: Contarias as histórias do teu dia a dia?
PL: Exatamente, eu devia ter As Crónicas da Patrícia para poder contar todos os meus dias. Todos os dias acontece uma aventura diferente. A minha vida é super interessante. As Crónicas da Patrícia, acho que toda a gente ia gostar de ler.
LL: Qual foi o momento mais inusitado — se puderes contar, claro — aqui dentro?
PL: Houve um que, até hoje, estou traumatizada: as fardas. Era dia 11 de janeiro de 2024. E as fardas que deviam ser usadas no dia 13 de janeiro não estavam prontas. Chegaram no final desse mesmo dia. As pessoas começaram a experimentá-las e nenhuma farda servia e tínhamos um dia para pôr as fardas direitas para o aniversário.
Portanto, foi pânico total. Foi engraçado. Agora é engraçado, muito engraçado, mas na altura foi um pânico porque quando digo que não serviam estou a falar, por exemplo, calças não entrarem, coletes não fecharem e não havia mais tecido. Depois fomos para o atelier com toda a gente, foi uma experiência muito gira. Em algumas pessoas tiveram de esticar o tecido ao máximo, ficando a peça até sem costura no meio porque não dava. E mesmo assim depois tivemos que mandar produzir outras fardas porque nenhuma servia.
LL: Mas houve fardas no dia do aniversário?
PL: Houve fardas, só Deus sabe como, mas houve. Andamos até às tantas da noite para conseguirmos as fardas.