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ENTRADA NA LIVRARIA LELLO

Vozes da Casa: Taina Marvila

Vozes da Casa: Taina Marvila

A designer Taina Marvila é quem dá forma ao universo visual da Livraria há mais de cinco anos. Nesta edição, fala-nos sobre a infância, as suas inspirações e o momento mais marcante que viveu na Livraria—de meias, sozinha, com um chá quente, no silêncio da pandemia. Uma história que resume a nossa forma de estar: cuidada e com emoção.
 

LL: Há alguma recordação de quando eras criança que, de alguma forma, te ligue ao que fazes hoje?

NM: As memórias que tenho da infância estão muito ligadas ao facto de ter dois irmãos mais velhos. Como eles estavam sempre "no mundo deles", eu acabava por brincar muito sozinha - num mundo imaginário, que fui criando. E acho que isso despertou a minha criatividade: ao tentar criar as minhas próprias companhias, as brincadeiras, os concertos que fazia sozinha, os desenhos... enfim, tudo o que envolvia a criatividade.

LL: Como é que a Livraria Lello entrou na tua história?  

NM: Primeiro vim do Brasil para Portugal. Já há seis anos, ou seja, estava aqui há um ano e fui conhecendo algumas pessoas. Uma delas trabalhava na Livraria e incentivou-me a enviar o meu currículo e a candidatar-me à vaga de designer que ia abrir. Eu e mais duas pessoas fomos chamadas para fazer testes, eu fui a selecionada e cá estou até hoje.

LL: Se tivesses de escolher um momento marcante vivido na LL, qual seria?

NM: Esse eu sei qual foi. Aconteceu a meio da pandemia. Como eu morava relativamente perto da Baixa - uns 20, 30 minutos a pé - pediram-me para ir à Livraria tirar umas fotos de uns livros, para publicarmos nas redes sociais. E eu disse logo que sim. As ruas estavam completamente vazias e, quando cheguei, só estava lá a Luísa, a tratar de coisas de logística. As escadas tinham acabado de ser pintadas e a tinta ainda estava fresca e, por isso, ela disse-me: "Tens de tirar os sapatos e andar de meias pela Livraria". Estava a chover lá fora e eu estava ali, de meias, dentro da Livraria vazia. 

 

Antes da Luísa sair, comentei que só faltava mesmo um chá. Ela saiu... e, antes de ir mesmo embora, voltou e deixou-me uma chávena de chá. Então eu tive esse momento belíssimo: sozinha na Livraria, de meias, a tomar um chá, com a chuva a cair lá fora. Acho que isso foi pleno e, honestamente, não só foi o meu melhor momento na Livraria, talvez tenha sido um dos melhores momentos da minha vida.

LL: O que não pode faltar a um designer neste lugar tão visual e simbólico? 

NM: Acho que é essencial ter sensibilidade para equilibrar o antigo e o contemporâneo e estar sempre atento para misturar os estilos de forma coerente. Este lugar não é apenas clássico, nem apenas moderno, é a fusão dos dois. E o desafio, enquanto pessoa que gere a imagem visual, está justamente aí, em conseguir unir as duas linguagens. 

LL: Estás agora a terminar o mestrado em Design Editorial. O teu tempo na Livraria é a causa ou a consequência do teu interesse por esta área? Que mais-valias te trouxe? 

NM: É a consequência. Eu não estava exatamente inserida no mundo dos livros e, aqui na Livraria, começaram a surgir desafios nessa área e acabei por me apaixonar mesmo pelo design editorial. Foi com a prática que o interesse se intensificou e, a partir daí, fez sentido para mim aprofundar esse caminho também do lado académico. O mestrado foi um complemento, que acho importante ter.


LL: Onde encontras inspiração quando o olhar se cansa? 

NM: Acho que, claro, é o clássico de ir viajar, mas não só no sentido de comprar uma passagem. É o sair da rotina: ir até uma cidade pequena, estar no meio da natureza, observar as pessoas a viverem as suas vidas. E nesses pequenos momentos fazer conexões. Eu acho que a criatividade é fazer conexões. É pegar em duas coisas que existem e pensar: "Elas combinam. Elas dão uma boa ideia juntas". É esse olhar de viajante, mesmo que não se vá para outro país.

LL: Se pudesses jantar com qualquer pessoa (viva ou não), quem seria?  

NM: A Xuxa! Porque ela é um ícone. E eu acho que isso é muito engraçado porque eu não ia escolher alguém, sei lá, filósofo. Preferia alguém que me marcou, como a Xuxa, para lhe dizer: "Você era a minha inspiração, me acompanhou, você é a rainha". Eu acho que isso seria muito divertido.

LL:  Qual foi o livro que mais te marcou?   

NM: Foi A Amiga Genial, da Elena Ferrante. Por vários motivos, mas principalmente porque me tocou e por causa da reflexão feita no final. A autora, para mim, está de parabéns.

LL: Se a tua vida fosse um livro, qual seria o título?  

NM: Seria Domingo de Manhã. Porque eu adoro esse momento - gosto da paz, de ter o dia todo pela frente, de estar tranquila. Se fosse para escolher um título do meu livro seria sempre um momento bom. Seria isso, o domingo de manhã.